23 de outubro de 2011

um poema de patrícia hoffmann

Quebro ampulhetas.

Aviso às borboletas:
cuidado ao voar

Há areia na vida,
cacos de vidro no ar.

16 de outubro de 2011

vai, risca um fósforo
na minha boca
a ver se foi la'
o teu naufrágio

vai, alma

se encharca com esses versos de wallace stevens>

Today the air is clear of everything.
It has no knowledge except of nothingness
And it flows over us without meanings,
As if none of us had ever been here before
And are not now: in this shallow spectacle,
This invisible activity, this sense.

12 de outubro de 2011

ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o 

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ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo problema ritmo é o    
ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo

ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problemaproblema ritmo é o  
ritmo é o problema ritmo é o problema ritmo é o problem
que susto,
a tua fala e' mais que teu corpo

como se seguisse facas nao lancadas,
espreito cada prisma,
busco os risos apertados
e adio a hora da carne,
do gozo e seu revés
me diz,
isso não te dói? 

11 de outubro de 2011

entre as duas falas,
impera a lei da
gravidade
grávidos de outros
mundos permutamos
as claves dessa noite

cada fato, um agudo
uma taca oscilante
num cair inexato
de chuva arrebolada

quem me dera, enxurrrada, a alegria dos que morrem pela boca

8 de outubro de 2011

o twitter e' o nascedouro de varias modas linguísticas muito curiosas

eu adoro isso aqui, essa afirmação-questão. acho ridiculamente transgressor

porra eu acordei e tavam cantando parabéns aqui achei que fosse por eu ter levantado da cama mas não era?

@
BALZAC 20 mg.

5 de outubro de 2011

(picasso, "os dois saltimbancos")

se a gente subisse na mesa,
somasse a pedra da fala
com o duro da tábua

se a gente desse um outro nome
 para essa noite

ficaria a mesa
menos vazia?

1 de outubro de 2011

estive lendo algumas vezes "snows of kilimanjaro", do hemingway, e agora me dei conta do quão limitada, circunscrita e' sua prosa. os protagonistas de hemingway, não todos, mas os principais> harry, santiago, ou aquele de "the sun also rises", cujo nome me foge, irmanam-se, como se múltiplas de uma unica pessoa, que e' o próprio hemingway, atormentado homem. todas as faces incomodadas com a frivolidade da vida > aqui deve-se excluir santiago?> frivolidade que a guerra parece enaltecer, mas que e' próprio do homem. todos angustiados pelo tempo perdido, mas -desiludidos- não buscam nada. reiterar, recuperar o tempo perdido? raro. Harry chega a tentar, acompanhado Helen a um safári, mas logo cai por terra. Um espinho o tira a vida, desmancha sua ideia de retorno ao tempo, 'a velha forma, algo que nitidamente seria impossível. Um espinho em um arbusto.
e' limitado, muito limitado, todavia isso não o torna repetitivo. o que ha entao de radical em hemingway, que o faz tao forte em sua limitação? A linguagem, concisa e seca, bruta como o interior de seus personagens? A simbologia de sua obra, os contos dentro dos contos? alguns falam na sinceridade da sua escrita, no fato de ele se fazer escrita, ampliar sobre diversos modos, seu modo cínico  de ver a vida. isso, aliada ao manejo perfeito dos elementos narrativos, seria a grande explicacao para sua obra tao simples e interessante. nao sei, acho isso muito redutor, mas aceito. e me sinto ta'o ignorante. 
ainda ha tempo para ler purple land? 

vdd

RT @malvados o pum colorido combateria uma das formas mais antigas de hipocrisia