essa casa não é minha,
doei toda a minha herança aos calmos.
não é minha essa casa
repleta de portas, cada uma a esconder um desejo
a porta da geladeira, calma, branca, fresca, convidativa
a porta principal ocultando todas as outras.
nego esses muros,
a calha vizinha como um horizonte torto
ao alcance das mãos
nego a falta de lógica dessa casa
o conteúdo das gavetas a anular o das estantes
até que reste apenas a branca porta da geladeira
abençoando a todos.
as ruas e estradas e mesmo as informações erradas que recebemos de estranhos
nos levam sempre para o canto do nosso quarto
e é difícíl conceber a ideia de um lugar estático, casado, graduado:
lá dentro,
debaixo do piso e da lista de compras,
a terra não para um minuto de se revolver.
eu moro aqui, mas essa casa não é minha
o meu lugar no mundo há de estar no guinness
um apartamento feito de sacadas e varandas
uma rua com mil e tantos
andares.
24 de fevereiro de 2013
17 de fevereiro de 2013
diálogo reau
- Pois é, vc não apareceu ontem. mas é natural... coisas acontecem, coisas surgem...
- Tava em casa coçando a bunda e depois dormi.
- Tava em casa coçando a bunda e depois dormi.
9 de fevereiro de 2013
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