27 de março de 2011

Re:

miniiiiiiiiiiiiiiina
que loucura devia ser  para os poetas
pegando em penas pra falar de suas coisas muy dolorosas
pois agora te escrevo aqui desse tectec super confortável
e meus problemas parecem um samba de tão ritmados

amada, menina, não sei por onde

começo: cascos ou carícias?
ando seviciada
e pari uma expressão: tomar dórres: tomo altos (e fico extremamente fébria)

brincar de amar tem me cansado
fui à caça de pontes estratégicas
eis o mapa:
pular num fosso imenso até estourar a bunda no SUL

faz sol aqui embora eu não veja
este computador, sempre este sofá de minha mãe
esse cheiro de mofo nos olhos,
vou abrir as janelas
vontade de dar uma festa
simples como se faz um café
amar como quem estende uma xícara que,
na mão do amigo
se estilhaça

desisti das troças - (divertidas, mas depressivas)
ando fazendo trovas, amiga
ando fazendo chás
e às vezes canto

e falando em coral, te conto uma:

hermoso rapaz
atravessa meu coração
pra pedir água

o que disse a ele?
ORA VÁ PRA PUTA QUE TE PARIU,
vá se eunucar!
eu quero um amigo logaritmo
quero um amor sedento
pra chafurdar nesse monte de areia que sou

um amigo pra brincar de tabela periódica
que entendesse meus verbetes

AMOR: 1- O mesmo que seara 2- O mesmo que Saara 3- amor é tudo que chamamos de amor 4- Amor é tudo que se ara e fenece e os cavalinhos comem.

E eu aguento?
que amor não é coisa para se conseguir
inapontável

amor é coisa que se ganha no palato
se leva nas coxas
se mata no mar

por isso a paixão: adorável jogo de piratas

é tão bom ignorar tudo, amiga
é assim que leciono
jogada no sofá de minha mãe
colecionando cartas e pontes de todas cores e tamanhos

o que você me conta de inútil?
tens trepado, sua samambaia?

segue em anexo minha razão
te mando minhas mais gozosas vibrações
te beijo


amália

26 de março de 2011

de castigo

sábado, 9 da noite, o telefone toca. é minha tia.
o que ela quer?
uma ajuda. minha prima tem uma tarefa (tá na oitava série) que não consegue fazer. é um poema. e como eu gosto de poesia e tal...
pode fazer um poema?
eu: ah, claro. (menino solícito)

aí eu pensei, ah, dá-se um jeito.
do outro lado da linha, a tia diz: tem uma condição. há palavras obrigatórias, que devem constar no poema. TODAS devem  constar (não sei como).
são elas:

PUREZA
CRIANÇA
VIDA
VIVER
FELIZ
CANTAR
BELEZA
APRENDIZ
DEUS (valei-me, saramago.)
BONITA
IRMÃO
CORAÇÃO
ALEGRIA
AMOR

SAÚDE
SORTE

pode uma coisa dessas?
pensai no estrago.

23 de março de 2011

ai, ai ai, Cosac

editora de porte como o da Cosac Naify não pode deslizar desse jeito:

http://desengripando-a-ficcao.blogspot.com/2011/03/como-engripa-ficcao.html

poemas de kaváfis



 esperava mais dessa primeira leitura de kaváfis, poeta grego.
 há uma possível explicação, que está na pequena introdução do livro: esses "segredos" são 13 poemas sensuais que kaváfis não renegou mas que também não selecionou para publicaçao enquanto vivia. Algo como "não para publicação, mas pode ficar aqui", diz-se na introduçao. A tradução foi feita direta do grego por três tradutores, mas como se trata de uma pequena editora (edições nephelibata, de florianópolis. Lembrou-me a extinta Noa Noa, se bem que esta fazia edições bem mais sofisticadas.) fica a dúvida quanto à qualidade da tradução.
 Achei que são poemas muito simples, beirando o óbvio às vezes. Um que se pode destacar, que é mui bonito,  chama-se "E toquei e deitei em seus leitos". Posto ele aqui:


E TOQUEI E DEITEI EM SEUS LEITOS

Quando entrei na casa do prazer,
não fiquei na sala onde comemoram
com alguma ordem amores reconhecidos.

Fui aos quartos ocultos
e toquei e deitei em seus leitos.

Fui aos quartos ocultos
que os tem por vergonhosos e para os apontar.
Mas não vergonha para mim - pois então
que poeta e que artista seria?
Melhor se fosse um asceta. Estaria mais de acordo
muito mais de acordo com minha poesia;
do que me deleitar na sala tão banal.


Curioso como a ideia que passa no poema parece ser justamente contra o que eu disse: a poesia banal, muito simples, que beira o óbvio. tomara mesmo que a poesia de  kaváfis, os outros poemas, seja estes dos ocultos quartos, e não como "amores reconhecidos".

Este livreto (plaqueta, segundo a editora) é bom, mas nada fantástico. Mas continuo curioso para ler mais kaváfis, os poemas principais, especialmente se forem aqueles "poemas" com tradução do josé p. paes (acho que saiu pela ed. josé olympio)

- "Segredos". Edições Nephelibata. Tradução de M. Sulis, M. Jolkesky e A.Nicolacópulos. 2010.

9 de março de 2011

geração

rugas a conversar
de falas afiadas
e falos erguidos
como se juventude fosse brado como se
fosso impossível
como antebraços contra o sol
come meninos

eis nosso lote:
na mesma raia
afogamo-nos

8 de março de 2011

roda-gigante

quem metralhou?

quem metralhou
alta maré noturna
na boca do ocaso
(o vento)

dentro da noite
as meninas se acenam
e já entram no parque fluvial

final de domingo
comichão de medo
se na noite houvesse mais meandros
não descarrilavam as cordas,
e lá do alto as meninas veriam a pequena boca laranja

mas mui corrente o escuro
engole o degelo
e
entre
ra
  ja
da
   de
 ri
sos
revoam
      os
          casacos

uma placa dentalmetálica se solta:
(por que sussuram as meninas isoladas?)

pois papéis de balas,
céu de repicadas imagens
xaubeijam-se as meninas
sob noturna
enxurrada
e a rua
agora ganha dois tiros
no escuro.

chão batido,
campo sem flores a vender luzes
a flor não-sei-o-que-é
foi metralhada,
quem metralhou?

chove pelo chão.
se todos a favor da chuva quem contratempo
quem meninas
se ferinas
não cabem
quem noturnou?


(foi o vento)

dear

Let's sin

g
uess the name of the muse
c

1 de março de 2011

"Sabes navegar, tens carta de navegação, ao que o homem respondeu, Aprenderei no mar. O capitão disse, Não to aconselharia, capitão sou eu, e não me atrevo com qualquer barco, Dá-me então um com que possa atrever-me eu, não, um desses não, dá-me antes um barco que eu respeite e que possa respeitar-me a mim, Essa linguagem é de marinheiro, mas tu não és marinheiro, Se tenho a linguagem, é como se o fosse."




d'"O conto da Ilha Desconhecida", de josé saramago. editora Companhia das letras.