26 de setembro de 2010

A arte de armar ou A farsa da Martin Claret

Gente, a coisa é séria. Leiam aqui no excelente blog da denise bottmann.
Eu tenho -até onde sei- 4 livros dessa editora:

- "Cartas Chilenas", "Caramuru", que são dois poemas longos da época do Brasil Colônia. São em português, e com isso não há preocupação com a tradução. Porém, se a editora não se importa com algo crucial como a tradução, como confiar na diagramação, revisão e preparação dos textos? Não dá!
- Pra piorar, tenho dois gringos: "O doente Imaginário", do francês Molière; e "A arte de Amar", do romano Ovídio. (Aliás, esse A arte de amar da Martin Claret, aí acima, merecia o prêmio de capa mais horrenda do mercado editorial brasileiro). O do Molière, a princípío, tem um tradutor confiável. A princípio. Porém, o mesmo não se pode dizer de "Arte de amar". Essa edição está nas (anti) referências bibliográficas, livros que o blog de bottmann condena pela caracterização de plágio nas traduções. (que pode ser a cópia indevida e descarada, ou uma "maquiada", ou seja, um texto no qual as palavras da versão correta são trocadas por sinônimos, ato que gera verdadeiras aberrações literárias)  E eu lá vou ler algo duvidoso?
Quem tiver livros dessa editora, é só me dar um toque, que a gente combina de fazer uma pira só.
E sabe o que é pior?
a editora continua a vender seus livros-bombas!

PS: como se pode ver nas (anti) referências, a Martin Claret não é a única suspeita. Mas é a mais famosa e a mais cara-de-pau, sem dúvida.


.

18 de setembro de 2010

ele é um poeta imenso

ÁGUA DE CACHORRO

Daqui é que se vislumbra
que o mar é de cachorros d'água
- um enconstado no outro -

se um latisse
acordava

canoas

(Fernando José Karl)
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Li num pergaminho de astrofísica antiga

que à página 161 de qualquer livro há um grego que
súbito
vira para trás
e
nos
coloca
na palma da mão
uma
pérola
de ouro

(também do Karl)

ps: hoje, dia 26/09/2010, acrescentei este último poema, extraído lá do site germinal literatura, como o primeiro. é inédito; ainda não está num livro. por isso, boto aqui.

Inverno?

um muro no coração
(é teu olho sem céu):
adivinho a estação

6 de setembro de 2010

Rua do Príncipe

Crepúsculo caído,
lentamente
as coisas apressadas convergem:
a vendedora de alhos
o empregado sem olhos
as portas de metal
que descem
a beliscar
as bocas de lobo.

homens cansados
vão beber
malabares

crianças pelas crinas
cigarros trocados
de boca em boca
como beijos

já se alcança a esquina:
dessa última desnoite
fica o cheiro ágil
de um cabelo
ou de um fósforo
e dos olhos
da vendedora,
o verde puro dos semáforos

2 de setembro de 2010

um poema de ledusha

barriga latindo de tédio

sério desequilíbrio emocional

em média leio dez livros por dia

ao mesmo tempo

antes de dormir

caso mme bovary com nelson rodrigues

e estamos entendidos
 
(Ledusha)
 
In: Finesse e Fissura. Editora Brasiliense.
 
Nota: qualquer empatia é mera coincidência, tá?