30 de julho de 2009

Leia-me

se requereres um xingamento, eu direi com voz tranquila:
Puta
Se ordenares uma lição do mundo, uma receita mágica, um verso que já nasça canônico:
Darei o verso, a receita e a lição
e tudo será palavras sobre
palavras
e tudo será um castelo de palavras
facilmente destrutível pelo vento
que toma posse do silêncio

Agora,
se me pedires com a tua outra voz
voz embargada, que sobe num tremor pela garganta
e se me perguntares com teus outros olhos

o meu nome (tenho fome!)
que horas são - (por que se fazem?)
ou se chove - (o que cabe nela?)
ou a razão das palavras terem verso e reverso
avesso e casca - (ilusão de tua boca?)

Se me pedires assim,
não importa o que eu diga
que disparate, que bobagem

a palavra que sair,
Inflamará
pois tu estarás me ofecendo
um gole denso de poesia

E se eu ousar, e se eu recusar
e se eu me calar (e - saiba - vou me calar, se vieres a até mim)

Então, será breve fagulha
Corpo-fogo
será
o meu morrer de poesia

sob os teu olhos

29 de julho de 2009

Pequena crônica romântica

pinta, costura, repara
nosso amor de fotografia

jardim dominical
na manhã de glicerina

prende, solta, prende, solta
repara seu cabelo:
a rua nos estuda

Escolhe escolhe
define seu melhor perfil
enquanto desenho os últimos fantasmas para essa noite

Eclipse no céu
vizinhas à janela
jantar na mesa
visitas na sala de partir:

(serras - luzes - burburinho - formigas - uniforme da cozinheira)

Temperatura ambiente
Teu corpo a combinar
com as cortinas vinda da lua

Deslize, desfile, se apresse
São dez horas
hora de tomar o seu corpo
sempre bem morno e com dois torrões de açúcar.

25 de julho de 2009

Não há nada a dizer

"Prazer de amor não dura mais que o instante
Mal de amor dura até o fim dos dias.”
Jean-Pierre Claris de Florian

Ainda hoje encontro com ela na rua. Esforço-me para fingir não vê-la. Nessas ocasiões, uma sensação estranha faz tremer todo o meu corpo, da cabeça aos pés. Meus seios se enrijecem, denunciando meus sentimentos. Essa sensação de medo somado à susto me perturba durante alguns minutos, mas seu ápice dura pouco: assim que passo por ela, o coração volta a bater tranquilo. Sem medo, sem susto. Tais situações são como transar com alguém que a gente não ama. Depois do ápice vem um abatimento, uma tristeza sem explicação. Mas como eu já disse, dura poucos segundos, logo viro uma esquina e ela já se encontra bem longe. Fico pensando se ela me viu e também me evitou, ou se é realmente distraída como parece.
Dizem que todas as pessoas são diferentes, mas nunca dei crédito a essa frase que parece ter sido extraída de um livro de auto-ajuda. Todavia passei a acreditar nessa máxima quando a conheci. Até então, as pessoas à minha volta eram todas iguais: riam e choravam pelos mesmos motivos. Mas ela era diferente. Não tinha medos e era sincera ao extremo. Ela era sensível, e ao mesmo tempo, uma pessoa polêmica que pouco se preocupava com os problemas da humanidade ou questões existencialistas. Às vezes escrevo no passado, como se ela estivesse morta. Mas ela está viva, aliás, numa hora dessas (é meia-noite) deve estar se entregando ao seu marido. Ela sempre me contou, em detalhes, sua relação com o marido, e confesso, sempre tive muita inveja daquela relação tão íntima.
Meu marido se chama Arnaldo. Transamos todas as quintas e sábados. Memorizei isso por que coincide com os dias das minhas aulas de canto. Também ocorre de transarmos nas quartas, mas isso depende de que jogo está sendo transmitido na televisão. Arnaldo é metódico e gosta de simplicidade. Acho que é uma boa forma de dizer que não fazemos nada de excepcional na cama. Sou casada há seis anos e tenho dois filhos. Ela não tem filhos: é estéril. Um dia perguntei a ela se ela desejava adotar uma criança.
── Não vou fazer isso. Não quero que ele seja filho de uma vagabunda qualquer.
Não, ela não é uma prostituta. Ela é bibliotecária. Possuía essa mania de agredir a si mesma. Tinha um gênio muito forte, era astuta e às vezes falava coisas impensáveis para mim:
── Dane-se a reputação! Reputação sempre foi uma puta entre um prefixo e um sufixo, numa suruba patrocinada pela falsidade!
Ou então ela dizia frases soturnas, com um olhar deprimente, e de repente, começava a gargalhar. E por isso eu acho ela tão diferente.
Conheci ela na biblioteca pública onde trabalha. Tudo começou com um comentário sobre um romance qualquer. Levamos a discussão para um café ali perto, e assim iniciamos nossa amizade.
Logo ela era minha melhor amiga. Frequentava minha casa todo final de semana. Eu raramente ia até a sua casa. Acho que ela nunca me motivava a ir até lá, e sempre que eu ia, e via ela e o marido juntos, sentia-me um incômodo para aquela felicidade tão explícita. Mas quando era ela quem vinha visitar-me era diferente. Enquanto Arnaldo ressonava ou assistia televisão, nós duas conversávamos animadoramente sobre diversos assuntos: família, futuro, literatura, brigas com nossos maridos, sexo, moda...etc.
Nossos corpos tinham feitio semelhante, por isso vivíamos trocando vestidos. Um dia ela me disse:
── Nossos corpos se encaixam.
Nesse dia estávamos no banheiro de minha casa, de frente para um grande espelho. Estávamos provando as roupas uma da outra. Como Arnaldo praticamente vivia trancado em nosso quarto, o grande banheiro era ideal para discutirmos relações conjugais, enquanto provávamos roupas. Ela gostava de contar o que o marido fizera nela, na última noite. E não só dizia, como queria mostrar.
── Ele agarrou-me por trás e pegou nos meus seios com extrema delicadeza, coisa que nenhum outro homem sabe fazer - Ela falava pegando nos meus seios cobertos pelos sutiã, tentando reproduzir em mim, as peripécias do marido.
Nunca percebi nenhuma intenção devassa naquilo, tampouco senti qualquer incômodo. O clima era amistoso, éramos simplesmente, duas amigas falando de sexo. Tocar meus seios e nádegas foi o mais longe que essas conversas práticas tomaram. Faziam bem a mim. Ríamos muito durante essas conversas.
Foi na cozinha que tudo aconteceu. Foi ali que minha vida começaria a ficar de pernas para o ar.
Era Domingo de Páscoa. Reunimo-nos nós quatro: ela, eu e os nossos maridos, em minha casa. Meus dois filhos brincavam em algum quarto. Eu cortava cebolas ou tomates, não lembro bem. Arnaldo e Sérgio (o marido dela) conversavam na garagem -parte isolada da casa- onde o churrasco era preparado.
Na cozinha, eu e ela conversávamos sobre as nossas felicidades. Ela dizia estar bem e perguntou como eu me sentia. Respondi com um sorriso incerto:
── Extremamente feliz.
Acho que ela notou que eu mentia. Não sei muito bem. Só sei que ela largou o copo em que tomava vinho e se posicionou atrás de mim. Eu falava da alegria que sentia por estarmos ali reunidos, quando senti o seu hálito quente queimar minha nuca. Estaquei e mal notei o corte que fiz na mão por conta da faca que feriu meu dedo indicador. Não disse nada. Não queria pensar em nada. Apenas estaquei. Suas mãos apoiaram-se em minha cintura e senti que sua mão direita começou a escorregar pelo meu corpo. Abriu o botão dos meus shorts jeans branco e desceu o zíper. Eu agora tremia. Aquilo era loucura, a qualquer momento Sérgio, Arnaldo ou as crianças poderiam surgir por uma das duas entradas da cozinha e nos ver naquela situação. Eu tremi de medo e de susto. Medo e susto. Achei que os bicos dos meus seios iriam perfurar minha blusa. Rangi os dentes e fechei as mãos. Não queria pensar em nada. E ela, austera, fixa em seu objetivo. Então eu saí daquela posição e disse de forma seca:
── Meu dedo está sangrando, com licença.
Fui às pressas para o banheiro. Encostei a porta sem trancar. Não tardou que ela entrasse. Abriu e bateu a porta com força. Não havia aberto a torneira. O dedo ainda sangrava.
Impulsiva, ela não hesitou em agarrar meus pulsos, levar meu dedo ferido à boca e chupar. Logo passou a beijar minha boca de um jeito muito suave, que só uma mulher consegue dar em outra. Nesse momento eu já me encontrava sem meus shorts. Ela era mais forte do que eu. De repente, passaram de suaves à brutais seus carinhos. Pegou-me pelos cabelos e forçou meu rosto contra os ladrilhos da parede. Rasgou minha blusa que era nova, e arrebentou meu sutiã, com um ímpeto brutal que eu julgava ser exclusivo dos homens. Eu arfava e parecia não entender o que acontecia. A verdade é que eu não queria pensar em nada. No fundo, eu queria aquilo. Acho que ela se aproveitou de tudo contei para ela: a monotonia de Arnaldo, o tédio sem-fim que era minha vida. Tirou minha calcinha, sentiu por alguns instantes a maciez de minhas coxas e ordenou que eu me sentasse na privada. Obedeci como uma criança perdida. Sentei-me. Ela, ajoelhada, abriu minhas pernas com força e vasculhou cada canto do meu sexo. Ela, totalmente vestida, não deixou que eu manisfetasse repúdio ou prazer e me recriminou, com mordidas, todas as vezes em que abri minha boca. Rangendo os dentes e mordendo meus próprios lábios, gozei. Medo, susto, prazer, medo, susto: nada, nada. O que era aquele nada que eu sentia? Era bom ou ruim sentí-lo? Não sabia. Não queria pensar em nada. Ela levantou-se sem dizer nada, e saiu do banheiro. Eu fiquei ali muda, vazia. Após alguns minutos meu filho de três anos entrou no banheiro. Só então percebi que a porta permanecera aberta durante todo o tempo. Ele ficou parado. Olhando para sua imprudente mãe nua, descabelada, arfante, suada, sentada na privada. Ele, pobrezinho, não disse nada. Eu também não disse nada. Não havia nada a dizer. Para quebrar o gelo, urinei.
Vinte minutos depois eu saía do banheiro. Corpo lavado na pia, cabelo arrumado. Vestia uma blusa e um shorts que estavam no cesto de roupas sujas.
Na cozinha, encontrei Arnaldo, com a mesma cara de sempre:
── Eles foram embora. A Capitu estava indisposta. O Sérgio pediu desculpas. Sabe o que eu acho? Eu acho que ela está grávida...
Arnaldo idiota. Nem Sérgio o aguentava. Capitu era estéril. Os dois só vinham aqui em casa por causa da amizade entre mim e ela.
Ainda muda, tive a impressão de que nunca mais a veria. A verdade é que ainda hoje encontro com ela na rua, mas desvio o olhar. É estranho como tudo terminou do nada. Às vezes penso que não terminou. Às vezes penso que é como se estivéssemos imersos naquele vazio existencial, que toma posse dos corpos daqueles que amam mas não sabem o porquê. Preciso de um porquê. Um motivo. Uma razão. Algo que preencha o mar de nada que tenho diante dos meus olhos.
Talvez um dia voltemos a conversar. Um dia, talvez. Por enquanto, não há nada a dizer.

24 de julho de 2009

Conheces muito bem, bailarina

Conheces muito bem, bailarina
a tua estrutura.
Teu corpo é carne mole
forma de criança

Não é mulher, não é máquina
não é o que se mostra

és a dor,
a arritmia muscular
a eterna repetição

Ouves muito bem, menina
tuas pernas a chorar e chorar
Ninguém existe quando te movimentas
teu corpo é o mundo
teu corpo é a tração do mundo
é atração do mundo

Desejas muito bem, pequenina
o aplauso indiscreto,
pois nele goza tudo aquilo que acumula na dor.

Dança, menina, dança
Goza, menina, goza

teus passos egoístas são louváveis
tua mentira é deliciosa
bailarina
goze, menina
que eu me contento em olhar

19 de julho de 2009

O navio passou

Passou bem antes da mente delinear o horizonte, o mar
e o restante da paisagem
passou nos ombros das horas
cortando a névoa fria

lâmina quente dançou em minha pele
senti que adormecia
O navio passou
bem antes do apagar do sonho
do aparar das geometrias

Tudo incompleto
Ficaram os restos:
Um gesto abafado
um rosto borrado
um tiro a esmo

O navio passou
Indo e voltando

Passou rápido:
segundos
Passou rápido:
ficou o
estranhamento


Mudo e eterno

A telha ou um homem que acreditava ser livre

Ele fazia o que dava na telha
fazia gata no cio a cantar
fazia mantas de musgo
fazia poça d'água suja
e sujeira seca

Fazia o que dava na telha
Sempre à espera.

Gostava muito
era do orvalho fino
que misturava tudo em sua telha
que sujava seu telhado
o e escorregadio ele deixava

Em sua insônia cantavam as gatas
o sol derramava-se sobre seu medo:
sujeira seca encasacava seu amor
E o orvalho umedecia a tudo isso...

Um dia escorregou na espera
Caiu da telha
Acordou

14 de julho de 2009

Divã

O doutor, cerimoniosamente, indicou o assento para o homem
-- Eu sinto muito
-- Muito? O que você sente em excesso?
Olhou firme para os olhos murchos do doutor. Repetiu.
-- Eu sinto muito
O velho doutor suspirou. Olhou pro teto. Começou a chorar.
O outro abraçou o velho. Parecia uma criança, o velho.
Juntos sentiram.
E muito.

13 de julho de 2009

Fome

falta de abrigo
falta de chuva
falta de assunto

falta de ombro
falta de membro
falta de luz

falta daquilo
(e daquilo também)
falta de tudo

falta de atenção
falta de jeito
falta de comida

falta de nada
falta de sobra
falta de opção

falta de atitude
falta de ar
falta de criatividade

falta daquilo
e disso também
falta de nome

falta de memória
falta de história
falta de falta mesmo

Uma enorme falta do que faltar
Uma falta daquela falta funda, esquecida
que eu tinha quando criança e perdi

Um buraco que abri
Um verso que iniciei:

Uma falta larga, que agora faz eco
Uma falta que agora faz falta

Eu faço a minha própria falta.

12 de julho de 2009

Campanha da palavra (Texto em construção)

os estrangeiros forasteiros gringos gostaram muito da campanha. Pensam em levar para seus países. Aliás, corre o boato fofoca papo de que o Brasil ganhará um prêmio por tal iniciativa. O problema é que não se sabe quem propôs a campanha. O que se sabe é que o povo brasileiro, que na sua maioria é solidário, abraçou a iniciativa. "Doe uma palavra que você não usa para alguém que precisa dela". O Slogan é repetido continuamente nas emissoras de rádio e televisão. Está também em sites blogs orkut fóruns. E não se fala em outra coisa: depois de política, futebol e religião; agora a Campanha da palavra é também tema de acaloradas discussões barzísticas, ou botequistas, ou bodegais...ou seja lá qual for a palavra que faz referência aos bares.
e - como já se esperava - as polêmicas escândalos maracutaias não demoraram a aparecer. Nos programas de fofocas não se fala em outra coisa: Marília de Bragança, conhecida socialyte paulistana, fez a doação de todas as palavras que conhecia para os mais necessitados. Em nota, sua assessoria afirmou que Marília ficou somente com seu sobrenome, Bragança, pois era só do que ela precisava para "marcar sua personalidade". Desde o momento que fez a doação, Marília está sem palavras: não fala nem escreve. Somente gesticula com suas empregadas que agora - dizem - estão felizes da vida. Outro boato que corre voa caminha é de que Marília está desesperadamente arrependida e que em breve viajará para Nova Iorque para consultar-se com os mais afamados doutores. Quando tal boato foi divulgado pela primeira vez, eu estava num bar. Na mesa ao lado, uma velhinha desdentada, que tomava cerveja, levantou-se e gritou para o televisor:

-- Dá um livro pra ela, porra!

Não faltaram aplausos abraços tapinhas nas costas da velha. Porém entretanto todavia, o que a velha não sabia naquele momento era que as palavras doadas não poderiam mais ser reavidas tão facilmente. Não poderiam ser mais utilizadas. Doou, perdeu. Elas poderiam ser devolvidas, mas isso ocorreria por vontade da pessoa que recebeu o donativo esmola presente. E aí que se iniciam os novos escandâ-los...

11 de julho de 2009

Bilhete do poeta

Quero tua presença amanhã
Quero tua presença
Quero teu amanhã
Te quero
Quero
quero-quero
quero-quero

pousarei amanhã;
seja meu chão

8 de julho de 2009

Cavalos amarrados

Nos meus sonhos, Senhora,
surgem cavalos fugindo, amarrados por suas crinas.
Debatem-se,
correm juntos,
correm para lados opostos,
e quase sempre, morrem fatigados.

Nesses dias, acordo e sento-me na cama.
Na rua, o som de passos macios e carinhos felinos.
No silêncio do meu quarto,
uma ânsia no corpo
de dizer-te algo,
de fazer-te algo,
me enerva.
Uma vontade de explicar o que é essa ardência
que me consome quando sonho.
Uma vontade que não tem nome. Ignoro-o.
Por isso, quando você me pede algo romântico, eu sou econômico: "Eu te amo"
E quando me pergunta se sonhei com você, eu sou falso: "Sonhei. Havia uma parque. Fazia sol. Dançáva-mos num campo aberto."

Mentira. Ardente mentira
Na verdade estamos sempre presos, debatendo-se.
Irritados, suados: cavalos amarrados.

5 de julho de 2009

Pedro

Com a marreta o derrubou.
Horas de muro, agora em restos.
São minutos, Pedro?

Sentado numa pedra, a marreta jogada.
O rosto cansado, a garrafa aberta

O suor
corrente
A água
ardente

Tudo misturado num gole eterno de 2 segundos.

O menino e o universo

Toda noite
ela o chama
para a o eclipse das luas
escondidas em seu tempestuoso planeta

Resumo de tudo

Dia e noite se comendo.

Hino

Benvisto seja meu país,
nessa hora calma e gelada,
honremos a tradição
suemos o manto sagrado

(REFRÃO)
meu time amado
entre outros eus
és tu, meu Deus
o meu designado.

Elevemos nossos pés ao alto,
nessa hora agitada e quente
abracemo-nos, irmãos, uns aos outros
somos campeães,

meu time amado
entre outros eus
és tu, meu Deus
o meu decorado.

Olhe pra tabela,
veja quem está lá no topo!
--na cruz!
--no mastro!
todos ali
--na luz!
--no claustro!

meu time amado
entre outros eus
és tu, meu Deus
o meu namorado

Um só homem correu
por nós
um time todo morreu
por nós
centenas de desbravadores lutaram
por nós
então, nessa hora ensaiada
nessa hora de ficção e verdade
de sussurro e best-seller,

desatemos,
desatemos os nós.