27 de fevereiro de 2011

our sex as a cumming's poem:


our legs are wordSword

and

THIS ___________________ bed

(THIS p-a-g-e)


:

the
world

26 de fevereiro de 2011

explicação sem ninguém pedir

um tanto descabida, eu diria.

no comecinho de janeiro, caí de cama.
tomei uma saraivada de sintomas, e foram tantos, que foi difícil esclarecer a causa de tudo.
A princípio: stress. mal moderno. acúmulo de fadiga e preocupações em 2010.
O negócio é mudar os hábitos nesse ano! Céus, ainda resisto à ideia de que o stress pode derrubar alguém da forma como fez comigo.

Agora, quase dois meses depois, me sinto bem. Disposto. Com vontade de fazer todas as boas coisas que não fiz nesse tempo.
Isso inclui escrever mais aqui, visitar os colegas de blogosfera, estudar, entre tantas coisas.

Então é isso. Acho que esse comentário é o pontapé, um pouco tardio (mas sempre é tempo), para 2011.
essa postagem, claro, de nada serve. achei preciso, ainda que descabido.
mas, para a leitura valer a pena, recorro à adélia e sua poesia maravilhosa:

abraços

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EXPLICAÇÃO  DE POESIA
SEM NINGUÉM PEDIR

Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Adélia Prado


In: Bagagem. Editora Record.

14 de fevereiro de 2011

juventude

"Todos esses anos, falou ela em seguida, todos esses belos anos! Como todo aquele passado havia sido bom e justo. E os erros, todos aqueles erros: justos também. E as loucuras: quão necessárias! Ser jovem era errar, falar, agir sem pensar adiante; senão, onde ficaria o progresso? E as experiências vividas, teríamos o resto do tempo para refletir sobre elas, aprofundá-las. A vida, de qualquer modo, era longa demais para asfixiar a juventude."




Robert Walser –
In: O Ajudante. Editora Arx. (Trad. de zé pedro antunes)

13 de fevereiro de 2011

inferno

repleta de pombos
você corta a praça

parados, te observam sem susto ou fome.

10 de fevereiro de 2011

lenhadores

você me pergunta o que houve nesses últimos meses.
há alguma coisa diferente. vc me pergunta o que há.
Minto:

indaga algo sobre nuvens, sobretudo
acerca de nadas
sobre cercas que jura ter posto durante o sonho
e que já não limitam

mas é como se dissessse "que fez o tempo? que fez o tempo enquanto rachávamos lenha no quintal?" E eu lhe respondo, na mesma língua de lascas, que tens razão, que a culpa é sempre do tempo,
esse apartamento sem paredes onde moramos
como elétrons sem quem nos aparte
se batendo
e, no susto,
batizando soco de sexo
comemorando cada susto
como se convidados da noite

isso, amor, foi ele, o tempo, o nosso vizinho de porta, o que veio jejuar. foi ele, o malandro, sempre ele a nos espreitar. sempre ele, fechadura pela qual nos olhamos, eu e você, a gozar sem nossos corpos, eu e vc a gozar
contra a porta, gozo duro, seco, o que é bom, oh, sim, muito bom, rende o suficiente para o rigoroso inferno austral que faz por essas bandas. e
enquanto recolhemos gravetos te falo da formação das nuvens,
de como anda a construção das colméias e quantos amigos perdemos essa semana.
e você, companheira, pede sugestões sobre o menu: o que vamos jejuar esta noite?
sobre que belo prato fixaremos nossos olhos sem fome?
há de ser especial, pois ele vem hj, amor, o nosso vizinho, o tempo,
(esse a quem vc chama "o desgraçado", "o todo-ouvidos" ou simplesmente bufa, quando seu nome esquece.)
mas deixemos isso de lado; ele está aí
ele, querida, foi ele, tenho certeza:
que recolheu a chave escondida sob o tapete e vasculhou nossa  casa enquanto lenhávamos.
por isso essa confusão

por isso o suor doce a cama larga
por isso nossa lâmina de depilar desafinada
nosso gato agora sem nó
nossas coisas sumidas, antes pelos cantos, agora sobre a cama, agora tão larga
agora tão cedo que até nos lembramos de olhar o arrebol após o café.
por isso essa rotina mudada.

foi um ladrão um ladrão um ladrão
você repetia enquanto pratos se guardavam sozinhos
enquanto o vizinho, o tempo, caía sobre a mesa de jantar,
eu e vc a nos olhar assustados.
quem fez essa bagunça. não fomos nós. estávamos fora.
foi ele.
foi um ladrão um ladrão, vc diz, um tanto neurótica,
procurando onde se encostar
e o ventilador a levantar as folhas secas
e eu com receio de delatar os verdadeiros culpados
começo rápido
a falar sobre o duro trabalho das abelhas,
a fala a sobrepor a falha
e discorro sobre a nossa cota de lenha alcançada
e eu a te esconder, discorrendo pelos cantos,
a ameaça das nuvens
então um prato imaturo erra, vai ao chão:

céus, nós não temos quintal,
vc diz.

3 de fevereiro de 2011

doença de ler

"Porque a doença de ler, uma vez tomando conta do organismo, enfraquece-o a ponto de torná-lo fácil presa desse outro flagelo que habita no tinteiro e supura na pena. O desgraçado dedica-se a escrever."
 
 
 
Renée mandou-me, via skoob.
Trecho de "Orlando", de V. Woolf.
Parece fantástico.
 
Tradução de Cecília Meireles. Editora Nova Fronteira.