29 de janeiro de 2011

autógrafo

Paulo Francis e os romances


"Desisti de ler romances. Valery tinha razão. É impossível aguentar algo que começa "A Duquesa X acordou às 4 da tarde". Que que eu tenho com isso?"

Paulo Francis


A impressão que tenho ao ler hoje os escritos do Francis (não é da minha geração, infelizmente. Nunca vi suas reportagens para a televisão, nem li seus romances), é de um cara com um ego DESSE TAMANHO, e ao mesmo tempo com uma inteligência (com um baita conhecimento político/sociológico) DESSE TAMANHO, apresentados, quase sempre, com um humor muito peculiar. Gosto dele.



Obs: o trechinho  acima é de uma coluna de Francis, no jornal O Pasquim.
Extraído de  "O pasquim - Antologia - Volume III - 1973-1974. Editora Desiderata

PS: (para um draminha básico)

tenho escrito tão pouco aqui =( !
problemas humanos.
(naturais?)

15 de janeiro de 2011

um poema de adília lopes

uma moça me mostrou, por isso dessa vez não tenho a referência e não sei o texto tá exato. deve estar.
adorei o poema. primeiro dela que leio.

O Luna Parque

Eu julgava que aquilo era

um Luna Parque

saía-se como se entrava

e não acontecia nada irreversível durante

é o que é um Luna Parque

quando se é adolescente

mas não

quando dei por mim

já lá estava dentro

e não me lembrava

de ter entrado

quando disse agora quero-me

ir embora

riram-se ah minha rica

deste Luna Parque não se sai

quem cá vem não volta

não se volta atrás

então comecei a pensar

que ia passar o resto dos meus dias no Luna Parque

acabas por aprender vais ver

a fazer das tripas coração

habituas-te vais ver

nos primeiros tempos dói

dá vontade de vomitar

depois percebe-se que no Luna Parque que é

um sítio triste

pode não ser triste

sai muito caro

mas poder pode-se.
      "As paixões humanas são misteriosas, e as das crianças não o são menos que as dos adultos. As pessoas que as experimentaram não as sabem explicar, e as que nunca as viveram não as podem compreender. Há pessoas que arriscam a vida para atingir o cume de uma montanha. Ninguém é capaz de explicar por quê, nem mesmo elas. Outras arruínam-se para conquistar o coração de uma determinada pessoa que nem quer saber delas. Outras, ainda, destroem-se a si mesmas porque não são capazes de resistir aos prazeres da mesa – ou da garrafa. Outras há que arriscam tudo o que possuem num jogo de azar, ou sacrificam tudo a uma idéia fixa que nunca se pode realizar. Algumas pensam que só podem ser felizes em outro lugar que não naquele onde estão e vagueiam pelo mundo durante toda a vida. Há ainda as que não descansam enquanto não conquistam o poder. Em suma, as paixões são tão diferentes quanto o são as pessoas.

      A Paixão de Bastian Baltasar Bux eram os livros."



- A história sem fim, Michael Ende.

Editora Martins Fontes. Tradução de Maria do Carmo Cary.