a natureza joga sem choro
a perda e metamorfose
Não há mais rinocerontes negros ocidentais
Nem rinocerontes brancos do Norte
Mas há em compensação
abelhas coloridas com fipronil
ideais para se misturar
aos cereais diarreicos matinais
Não há mais ursos polares
posto que não há mais polos
o gelo que por acaso resta
é mera quimera de pinguins
embriagados de tiacloprido
Não há mais meros,
e com eles a noção de medo e perigo
perdeu o mar a sensualidade e as festas que só
em águas profundas se podiam forjar
dia triste cheios de ais
para poetas e vendedores de picolé
que veem minguar os encontros, as imagens e as tatuíras
a lira está em promoção
só hoje!
enquanto durarem os cardumes
Não há mais imensos tigres
mas cada vez mais
eletroinsetos peixetilenos dinotefurões
tomando corações de assalto
contra o céu paraquático
plana o belo glifosato
com suas asas cancerígenas
abençoando a chuvachumbo e as sulfoxaflores
a natureza toma em silêncio
a saída discreta pelos fundos
ciente de que sumir
também é se transformar.