aprende bibliófilo:
as folhas do livro uma hora se soltam
e caem os cabelos e dentes
em outonos que ninguém celebra.
deixe as coisas caírem em paz
os livros da estante, as xícaras duralex
e tome a reorganização como hábito, e não castigo
já pensou se cada gota de chuva
fizesse muito barulho ao cair?
23 de julho de 2013
14 de julho de 2013
Que desconsolo me dá olhar para minha espera, tão fiel e
humilde, mas tão ausente de provocação. Não aos modernos produtos inquebráveis
e de prática limpeza e esquecimento. Antes chicletes baratos cujo açúcar não
passa das primeiras mascadas. A cada dia minha criança prodígio ganha mais
medalhas e fica mais limpa para a hora do atropelamento que, sei, não tardará. O
banditismo sonhado me é proibido, então discretamente saboto meus próprios projetos.
As esperas, em suspenso, sustentam apenas a si mesmo. Essa espera, essa postergação, de tão calma, de tão nada, é falsa. Nem
tudo que é leve faz bem. Um sono leve que se perturba com insetos e inúteis
fragmentos de sonhos. Um amor leve que se torna bobo diante do êxtase e força dos
travestis. Que merda.
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