30 de janeiro de 2014

um poema de Eileen Myles

Uppity

Roads around mountains
cause we can't drive
through.

That's Poetry
to Me.    

28 de janeiro de 2014

                                                                                                                                        para a ale

I

alguns turistas tolos da vida dizem
ih
na bahia
o ano
só começa
depois do Carnaval.

mas de que bahia se fala
quando se fala da bahia?
no pelô
o ano não começa
num termina
tem seu próprio tempo
como ocorre
nos lugares mto mágicos
(ou mto devastados)

II

pelô
amor
de
deus
lourinho

ih,
na bahia?

ai de ti,
haiti.

III

capoeira violenta
no meio da tarde
sem mto motivo
sem qualquer berimbau

IV

se tivesse
partido numa barca
ou mesmo se finado em tempestade
inda dava uma canção bonita
mas ele se foi numa linha
salvador-são paulo
numa tarde quente
sem nenhum adeus
e mais ladeiras
que o habitual

V

Dois cotovelos no meio do peito
os seios da prostituta
são qualquer coisa
sem surpresa e erotismo
vara de condão há mto
sem mágica
sóis de toda hora
guizos
boias
brinquedos

VI

é assim
meto onde e quando
todos ri
ninguém se mete

VII

viero
tombaram as ladeiras tudo
falaram em patrimônio
maravilha
riqueza
e aí me despejaro?
num entendo

VIII

mordida no ventre
caco de vidro no peito
raspa de bala na bunda
pelo corpo eu trago marcas
que não guiam a tesouro algum.
farol sem história
e razão de ser
a cicatriz é um bicho estranho
que às vezes acaricio
por mais não ter o que fazer.
não devia estar ali
não tem serventia
mas ali está e
até o fim vai estar.
sou cicatriz do mundo?
se sou, quem lhe feriu?

IX

é sempre tempo de
carnavais fora de hora
de chorar pitangas
e depois comê-las
de dores e dorivais

X

- Axé, meu rei.
- Axé mais.

26 de janeiro de 2014


estamos todos condenados a significar
eis o jogo
dois velhos dádás
um em frente 
ao outro
a falar
quem
fizer
sentido
primeiro
perde

23 de janeiro de 2014

PARIPENSE ! !! : que investidas insanas poderíamos fazer se comprássemos essa empresa que acabou de entrar em concordata ! ou dito de outro desenho: isto é um convite. vamos amanhã sem falta ao hipódromo apostar tudo que eu e vc temos no cavalo de só três pernas. bom claro é bem provável (mas nunca se sabe!!) que ao final do páreo sejamos os mais fudidos dos apostadores mas tbém seremos os mais doidos e debochados e esse maravilhoso estrume de ouro ninguém vai poder tirar de nós.
pelamorde deus até os avós da gente sabem q tem altos ditado bucha ditado não é roubado !!!! vamos logo ser aqueles dois passarinho voando que valem menos do q aquele na mão mas que se foda à milanesa o passarinho na mão ! ! ! ! nesse mundo consumista de merda a lógica girou tanto nos três contrários que agora bom mesmo é valer menos. vamo trocar o certo pelo duvidoso até pq é isso que tem sustentado toda a filosofia a troca da roda certa pela duvidosa venha é cavalo de três pernas na cabeça não na cabeça dele na cabeça do nosso pódio por
favor
venha
três deboches pra minhamiga

I

que linda tua saia
daqui agora

II

que linda tua saída de praia
adoro quando vc sai da praia

III

ele é mó gato
vai por mim
sentada,
esperando
aqui na estação
sou alguém viva
mto viva
que ama e pensa

mas no momento
em que vc passa
e acena
eu que sou viva e amo e penso
tbém sou morta
inevitavelmente morta parte
da paisagem
para a qual vc olha da janela


20 de janeiro de 2014

olha aqui pra você ver

19 de janeiro de 2014

carnavais

I

é terrível quando o tempo está fechado
no teu pátio
e eu estou alegre e
tudo o que tenho a oferecer
são pequenos carnavais
que pra nada servem.

(ou servem?)
(farei bem seu chamar quem precisa de descanso
 pra subir e descer ladeira?)
(se eu tenho presente mas não tenho a ocasião
devo mandá-lo?)
(o que a gente faz quando já disse tudo
e num acha hora de fazer?
despiroca?)

creia-me:
faço o possível
pra te ajudar
enquanto danço.

II

o coração
bate eter
namente?
é impossível prever e programar certas coisas
como se existesse mais de um tempo:
o nosso e o das coisas.

às vezes a tradicional
paradinha da bateria parece durar anos
e eu num lembro
quando foi a última vez
que choveu confete.
facebook II

essa mina tem uma boca
que num é dela.

8 de janeiro de 2014

eu e vc a catar conchas
e estrelas do mar perdidas na areia
é uma cena bonita.

eu e vc a catar conchas
e estrelas do mar perdidas na areia
- descobrindo que há coisas bonitas
que só nos aparecem depois de mortas -
é uma cena terrível.