27 de agosto de 2023


oi, tudo bem?
há quanto tempo não te vejo
um trem-ave me atravessando
demorasse mais um tanto
não te reconheceria, desejo

vai se o desejo, vêm os vícios
cigarros fumados
têm seu quê de aprendizado
difícil medir o mal
sem vivalma do meu lado;
por todos os lados
um trem frenesi
me atravessando
sem freio
sob o fogo
simulacro  
dos vícios

oi, você está?
há quanto tempo não te vejo
um trem-flor me atravessando
pintasse a boca mais um tanto
não te reconheceria, desejo

me engajo sempre nessa fuga
cachoeira acima contramão 
com a luz cortada
ainda segue o trem
aos sacolejos na imensidão;
o impulso ao nada 
movimenta-o mesmo assim
falar sobre o objeto de desejo
é afastá-lo um pouco mais de mim

que mais posso fazer para além
de via linguagem sair desse mim?
trilhar os trilhos os trilhos de si
como objeto trem em movimento;
espatifar o céu de estrelas
nos olhos dos bichos me escondê-las
pela beleza como as abelhas
morrer fruto na palavra fim

oi, que há por aí nas antenas?