20 de abril de 2018

Kudriavka



Laika, a primeira mulher,
contempla a Terra do planeta SemNome
enquanto rói, preguiçosa,
o osso do último homem

nem a primeira nem a última
a ser mandada pro espaço
ontem mesmo, em qualquer rua,
partiu mais uma num esputinique

Laika, minha mãe,
a procurar calor
pelas ruas de Moscou,
Laika Franco,
a morrer todo dia
pelas ruas do Rio,

Laika Frank,
Laika Freak,
Laika Frio

Laika, a primeira cachorra,
contempla a dança de infinitos satélites
que o homem lançou, desperado
a qualquer marte que servisse de apoio,
enquanto coça, prazerosa, sua pulga de estimação

Amaram mal os homens, como um serviço
amaram mal os planetas
como mal amaram suas mulheres e mães

Mas Kudriavka, a primeira anja,
não pensa nessas coisas 
no planeta SemNome,
seu reino particular

Laika, lá, em pleno estado Laiko,
corre e ladra e brinca, livre, o dia todo
e à noite adormece
dando patadas no ar

15 de abril de 2018

tô só
por ti
téo

sapoti