Laika, a primeira mulher,
contempla a Terra do planeta SemNome
enquanto rói, preguiçosa,
o osso do último homem
nem a primeira nem a última
a ser mandada pro espaço
ontem mesmo, em qualquer rua,
partiu mais uma num esputinique
Laika, minha mãe,
a procurar calor
pelas ruas de Moscou,
Laika Franco,
a morrer todo dia
pelas ruas do Rio,
Laika Frank,
Laika Freak,
Laika Frio
Laika, a primeira cachorra,
contempla a dança de infinitos satélites
que o homem lançou, desperado
a qualquer marte que servisse de apoio,
enquanto coça, prazerosa, sua pulga de estimação
Amaram mal os homens, como um serviço
amaram mal os planetas
como mal amaram suas mulheres e mães
Mas Kudriavka, a primeira anja,
não pensa nessas coisas
no planeta SemNome,
seu reino particular
Laika, lá, em pleno estado Laiko,
corre e ladra e brinca, livre, o dia todo
e à noite adormece
dando patadas no ar
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