8 de julho de 2009

Cavalos amarrados

Nos meus sonhos, Senhora,
surgem cavalos fugindo, amarrados por suas crinas.
Debatem-se,
correm juntos,
correm para lados opostos,
e quase sempre, morrem fatigados.

Nesses dias, acordo e sento-me na cama.
Na rua, o som de passos macios e carinhos felinos.
No silêncio do meu quarto,
uma ânsia no corpo
de dizer-te algo,
de fazer-te algo,
me enerva.
Uma vontade de explicar o que é essa ardência
que me consome quando sonho.
Uma vontade que não tem nome. Ignoro-o.
Por isso, quando você me pede algo romântico, eu sou econômico: "Eu te amo"
E quando me pergunta se sonhei com você, eu sou falso: "Sonhei. Havia uma parque. Fazia sol. Dançáva-mos num campo aberto."

Mentira. Ardente mentira
Na verdade estamos sempre presos, debatendo-se.
Irritados, suados: cavalos amarrados.

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