volto do teu sonho
ouvindo som alto
em vez de tomar a avenida dos passos
entro na chuva e me perco
nas curvas da estrada do salto
sabia que me perdia
pois a voz do rádio
aos poucos sumia
que há por aí, em tuas antenas?
o chiado do rádio
o chilreio dos pássaros
o peito lleno de penas
um cheiro do passado
em retrogosto renovado
com os pés molhados
retiro sapatos que não
consigo mais vestir
e ainda me deixam bonito
no espelho encaro
essa nova versão
de mim sem paixão
e por respeito estendo
a mão para minha imagem dissonante
e é então que
errante por horas de folha e breu
uma árvore caída me diz:
é preciso voltar
se estirar na grama a pensar
que bicho me mordeu
que bicho sou eu
que há por aqui, em minhas antenas?
o chiado distante aos poucos
se torna uma estranha cantiga
que há muito não ouvia:
familiar e fugidia
me atira em outro dia
e aos poucos me guia
pra fora da chuva.
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