Há uma mesa.
Sobre a mesa, há um copo que transborda borda borda borda.
Tento agarrar-me a uma das bordas.
E a mesa transborda.
O quarto transborda borda borda borda.
E transbordando, me agarro em algo, em qualquer borda.
Mas sinto que me afogo e morro.
morro morro volto volto: afogo afogo.
E quero uma palavra seca.
Borda borda,
a fala transborda
e falo falo
falo falo
e surge no quarto um buraco,
abre-se um ralo,
entram mulheres e homens
e entram luzes e cores e sons
mas o que eu preciso é sede, e nada mais.
Há uma mesa dentro de mim
E uma garrafa. E duas mãos. E uma folha de papel.
E um copo
Que transborda
borda borda borda
10 de maio de 2009
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3 comentários:
oi Eduardo
obrigado pela visita ao Casa de Paragens. Gostei dos teus blogs, parabéns. Vc tem um olhar bem delicado sobre o cotidiano... e já deixou de ser "sentimental", isso aos 18 é um passo e tanto à boa poesia :)
abraços
Olá!
Gostei desse poema, principalmente da última imagem, "uma garrafa dentro de mim".
:D
Abraço! Visitarei sempre agora.
E Obrigada por ter passado lá no meu jardim.
gostei muito muito muito desse texto
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