2 de novembro de 2017

Onde a tainha Antonieta tenta explica ao leitor quem é, o que curte fazer no final de semana e a que veio

eu nasci numa esteira velha & enferrujada duma confecção chinesa, há muitos anos, e logo vim para o Brasil, mais especificamente São Paulo, e numa loja da Rua 25 de Março permaneci durante alguns meses (o primeiro deles embaixo do balcão - o depósito improvisado do Box 37) até ser vendida à Dona Luzinete.

não, a Luzinete não é a minha mãe. muito menos os chinas que me costuraram e estufaram. Tia Luzi me comprou (era o ano de 2009) a fim de me revender, junto com outros bichos pelucianos, em sua cidade, Fortaleza. foi uma viagem tranquila, embora eu não tenha curtido brisa nenhuma dentro de uma caixa de papelão, exceto por um único aperto: ali pela altura de Itaobim, a polícia parou a caminhonete onde viajávamos e quis conferir a carga; houve um momento de aflição pois, devido a nossa experiência na 25, conhecíamos histórias terríveis de baleias, tartarugas e emojis que foram rasgados ao meio em fiscalizações, sob a suspeita de esconderem drogas. mas deu tudo certo: rapidamente fizemos amizade com Lúcio, o cãozito farejador, que por alguns segundos quase abandonou o profissionalismo e puxou uma de nós pra brincar, sendo, no entanto, rapidamente contido pela coleira.

Já em Fortaleza, fui jogada de loja em loja até cair numa loja de 1,99
Eu custava 25 reais e, até ser comprada, algumas vezes a dona da loja, a Bruxa Jerusa, teve que explicar a clientes interessados na minha fofura que, não, eu não custava 1,99, que havia outros produtos mais caros, e que eu custava 25 reais


sinceramente, não entendo muito bem as pessoas e, por mais que muitos anos tenham se passado, ainda aqui, em Itajaí, ainda agora, em 2017, ainda hoje, dentro da mochila da Mariana fedendo a banana (ela levou a fruta como lanche pra escola mas teve vergonha de comê-la e aí a desgraçada amassou na bolsa e se colou em mim e aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa) penso que entendo algumas coisas, sobretudo de meninas e meninos, mas ignoro as motivações de grande parte das ações humanas. o índice beira 100% quanto se trata de adultos.

isso me lembra que uma vez uma tia da Mariana olhou pra mim e disse: larga esse bagre feio, menina. tanto brinquedo bonito e você aí a arrastar no chão essa coisa suja. por sorte, a Mari é marivilhosa e disse ELA É UMA TAINHA  e saiu pisando muito bem pisado. como posso ser um bagre se não tenho bigodes e não sou fofoqueira? Eu não aguento gente que não entende sobre peixe, que não curte maresia.  tainhas são peixes simpáticos que divertem a galera; bagres são peixes desagradáveis que tratam mal as pessoas a sua volta mas postam mensagem positivas nas redes sociais. como podem os humanos confundir isso? que diabo as crianças estão aprendendo na escola, que quando crescem se tornam fãs de golfinhos e carros rebaixados? isso que nem vou entrar na questão musical e culinária, argh. E ELA TEM NOME, O NOME DELA É ANTONIETA - ok a Mari não disse isso pra tia, mas seria legal se tivesse. e se batesse a porta, então? ai, eu deveria ser diretora de cinema.

no mais, sou, assim, uma tainha delicada demais.
meu líquen preferido é o rosa 

já te ligo de volta, guria, agora não dá pé