20 de setembro de 2008

A amante

Toda noite,
por entre as frestas dos meus olhos e das minhas portas,
invade o ambiente,uma canção seca,
como o mais antigo vinho,
uma canção de tempos remotos,
de eras perdidas,
papel de parede de crimes esquecidos
uma canção rápida,
que executa,
que se executa,
que morre na esquina de dois passos,
(sim, uma canção de passos),
um compasso de passos perdidos,
passos sob o medo da noite,
talvez uma canção de ninar,
entoada por fantasmas de sonhos adolescentes,
talvez um canto fúnebre ,
que celebra a morte do éter,
e comemora o grande vazio que é ter alguém junto a si, sem estar por dentro de si,
talvez uma canção de rádio, que acorda meu coração para mais uma noite de trabalho e vigília,
ou talvez,
seja tão-somente,
um solo instrumental,
talvez seja um amontoado de passos furtivos, que tropeçam no amor,
passos que tropeçam em si próprios,
e que denunciam,
você
subindo (ou descendo?)
as escadas de minha casa...

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