24 de setembro de 2008

A modelo

I
Uma dança de linhas,
uma ciranda de curvas:
é um mundo de cores, de gritos,
e movimentos involuntários aprisionados.
II
As mãos fechadas escondem florestas de medo e angústia,
os cabelos ressacados, as orelhas cavernosas,
as estalagmites no olhar:
crianças saem dos seios como o mais puro leite.
No chão, o leite morno da vida,
o sangue da ferida do espaço:
é o mundo que esconde,
é o mundo que se aperta, se estrebucha;
Ele quer sair,
no choro, no gozo, no sorriso,
mas a mulher, deusa feita de bronze e carne,
segura todo o peso do vazio
(uma corda entre os dentes e a gengiva),
e faz isso,
por amor à arte.

Nenhum comentário: