11 de abril de 2009

Velhas novas

Acordou, como sempre fazia, às oito horas da manhã. Calçou os chinelos, lavou o rosto na pia, foi à porta principal buscar o jornal. Na capa do jornal, viu uma foto que lhe remeteu a algum lugar que já estivera. Pensava nisso quando o telefone tocou. Era um colega de trabalho. Hora extra hoje? Não, tudo bem. Contem comigo. Foi à cozinha, preparou um café. Sentou-se. Em que pensava mesmo? Não lembrou. Foi folheando as páginas do jornal, sem se deter em nenhum texto ou imagem. Chegou ao fim dos cadernos, sem ter achado nada de útil. Esportes, cultura, política, economia: nada lhe despertara o interesse, por que nada daquilo era novo. Mataram uma mulher com um furadeira. O papa pediu paz. O povo pediu justiça. Dois homens encapuzados entraram na loja, anunciaram o assalto e pediram que toda a paz e justiça fossem postas em sacolas. O dólar recuou muito nessa última semana, ao contrário da equipe do Flamengo, que desde que o técnico Zezinho assumiu, tem avançado muito na tabela do campeonato. No capítulo da novela de hoje, Irã dará um beijo e fará as pazes com os EUA. Chuva e vento assinaram um cessar-fogo, e darão uma trégua nesse fim-de-semana. O papa pediu trégua. Aconteceu na noite de Domingo: o namorado pediu trégua à namorada, e ante a recusa dela, o jovem matou-a com uma furadeira. O técnico Zezinho disse que isso acontece. Vitórias vêm e vão. Como vento, como a chuva. Como a paz, a justiça ou uma furadeira penetrando a parede. Não perca a folhetim, hoje, às nove horas, logo após a emocionante partida entre Dow Jones e Nasdaq.
De fato, nada de novo no país do carnaval.

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