Amo o que te falta,
esse pão que você não vê,
o choro contido,
a palavra esquecida.
Porque a vida sempre foi uma guerra fria
eu e eu mesmo
eu e eu sempre
a alimentar doentes e feridos.
Amo tua roupa rasgada
(que rasguei - culpei o cio)
Amo teu rosto sujo
(em que cuspi - inventei nojos)
Amo teu amor doentio
(pois construí sua loucura)
Amo teu rosto
(pois é uma cópia barata do meu)
Porque esse jardim que você vê
é um campo.
Um campo de flores de vento em que te concentrei
Um campo no centro da minha guerra
Minha guerra fria
Eu e eu mesmo.
Sou a esquerda e a direita.
O que você vê é virtual.
Um espelho de gelo.
Está frio. Tem fome. As feridas se abrem em mil caminhos profundos.
Fundos e frios.
Ouça a trombeta a ressoar; é o aviso-ninar para os sobreviventes.
É a minha chegada em carro aberto.
Paça-me um beijo, peça-me lã, sopa,
peça-me o amanhã.
A guerra acabou. Jantei com amor e com o tédio.
Aproxime-se,
Eu sou o alimentador de animais.
Sem receio, fite-me.
Eu sou o pai.
13 de junho de 2009
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