9 de agosto de 2009

Musa

corpo de palavras:
o gesso nunca falou tanto

A cama desfeita, teu corpo assim tombado
sinuoso:
palavras estranhas

costas geladas, boca seca
o que, então, me atrai?

agora vejo que te falta um seio,
falta-te o seio esquerdo
teu pulso é lascado:
palavras exigem reticências

lambo
recito
olho
me faço teu pedestal
por que sei e não sei o que me atrai

esse teu seio esquerdo
cada vez mais presente
cada vez mais perto
e ele me vem na boca
e ele me vem na boca

vem, reticências, vem

e ele me vem, mas volta
e volta, revolta

esse teu seio
cada vez mais esquerdo
cada vez mais palavra
que palavra?
que palavra?

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