oh, por favor, não me pert'urbe:
não me venha falar de taxas e leis
e prédios, tédios, remédios
ou sobre o futuro da cidade
O futuro, meu caro, está fora do muro
que nada tem que ver com
obras trepadeiras
amarrando a cidade
pru'ma criança ligar os pontos no mapa escolar
oh, por favor, não me venha trazer in-cômodos:
deles já estou repleto.
salas, ginásios, boates, cafeterias:
salas de morrer e esperar, de dançar e ler
Oh, não me venha
Oi, não me venda
Ay, minha senha
Sem essa de apresentar projetos ordinários
como se você não tivesse aprendido
isso tudo na escola do barro:
lesmas formigas e vespas
Ih, o papo é cimento?
Ah, o debate é sobre a cidade?
Hum, é seminário, é editorial?
Oh, não, por favor não me chame
já dobrei tantas esquinas
que fiz da cidade um
origami
29 de junho de 2010
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2 comentários:
Que delícia de poema! Parabéns pela beleza de crítica.
As palavras e suas diversas possibilidades... Adorei: "oi, não me venda"
Beijo!
Ana
Poema perfeito, Eduardo.
Irretocável mesmo.
O sentimento é doce e leve, que se contrapõe à dureza da selva de pedra que se ergue e que alguns ainda resistem, fogem, ou minimamente, sentem-se indignados.
Cheguei aqui por indicação do Ítalo, e que ótima surpresa.
Já te sigo.
Abraços, Moni.
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