11 de abril de 2011

amores de vanguarda morrem cedo:
essa paixão,
dançada na corda
de bambas pernas,
já nasceu queda

e eis o bar
essas duas cadeiras sem mistério algum
esse jogo de persianas

acudam-nos garçons
piratas
e deuses
de última hora
que
vamos repensar a rota desse barco
essa sala de ausências:

onde pôr o amor
se não há vagas
no mar?
onde, sol, se põe
o amor
onde o sal,
onde o ciúme
essa tequila dos olhos?

precisamos propor
exercícios aos corpos:

(não sonhar com cavalos
a correr
em verde campo
imagem por demais pintada
e já sem agruras)

(descansar braços pernas
fazer da língua sutil arma branca
contra nossa arvorosa
 correnteza)

(desaprender
(os cílios
(joelhos
(e ouvidos
(voltar a ser cinema de sustos
imitação da chuva
singradura contra as pedras

oh, sim,
precisamos desarmar esses corpos
que amar também é ruir aos poucos
e casais se alimentam das migalhas de outros amantes

o amor canonizado
ai dele,
coitado
zeus nos livre fazer da paixão
um ponto de referência

tratemos de sorver aqui
nosso cálice de absintimentos
brindar o gratuito
saudar o banquete dessa época
viver essas ruas
a profusão de meninas
nosso
barco de cristal

2 comentários:

enzo disse...

você gosta de Ana C. ou é impressão minha?

Eduardo Silveira disse...

;x