estou passando por uma fase ruim. Mal componho uma lista de compras. Mas talvez não tenha dificuldade nessa carta, pois a carta, quando resposta, não vem do nada. é conversa no papel, ela parte de um primeiro dizer. geralmente, se aceita esse tom, escolhe-se um ritmo e se responde. ou não, posso ler tua carta por cima e mandar uma resposta que não é resposta, uma carta despreocupada, falando de outras coisas, respondendo a perguntas que você não fez: aí seriam dois papos concomitantes. muita coisa se perderia, né?. é controverso, mas me parece agradável, bobo, vivo.
certeza que este bilhete, já longo, virando carta, há de te pegar de surpresa. primeira vez que te escrevo
Sim, se perde. E quando vamos procurar, achamos outras coisas pra falar. Coisas que não acharíamos se houvéssemos respondido a carta de pronto. Aliás, carta e prontidão não combinam.
Queria te escrever para falar pelo meu amor por telegramas, mas estou meio ruim, como já disse. Guardo para outro dia.
Contento-me em te responder, esperando que receba esta com o carinho de quem a escreveu.
só agora digo o que queria dizer logo no início: agradeço tua atenção, tuas leituras. gostei muito de receber tua carta virtual, embora tenha demorado a responder (mas quanto à demora, creio que você compreenderá a explicação que lhe dei)
escrita à mão tem caído em desuso, nós sabemos.
nossas gavetas andam feias e tristes, repletas de canetas e papéis de bala,
pois não trocamos mais cartas. Em compensação, empanturram-se nossas caixas de email, nossos blogs, nossas redes de contRatos.
Nova função social dos bilhetes e das listas de compras: lembrar-nos que temos caligrafia.
Tão bonito desenhar letras. Como a gente se permite ficar batendo em botões o dia inteiro, como macaquinhos amestrados?
A, para a letra A.
B, para a letra B
CÙ, às vezes
mas onde eu estava?
céus, que bilhete mais longo. outra coisa que sabem meus destinatários: sempre me perco. sempre escrevo muito menos ou mais do que gostaria.
ah, tua carta não ficou nonsense, não. muito clara e bonita. passa amor pela vida, como sempre.
aliás, não é só vc, tenho reparado isso em outros amigos. o que é ótimo, pra quem escreve e pra quem recebe.
hoje escrevo muito â mão? não,
pouquíssimo.
como tenho feito poucas limonadas ou ouvido pouco the pretenders.
a gente sabe mas não aprende, né? adoro controvérsias, oxímoros, balas de gomas com cara de docinhas mas enormemente azedas.
mas onde eu estava? acho que perdi de novo nesse escrito, o que ótimo, maravilhoso, é meu eterno desobjetivo
te agradeço por isso,
2 comentários:
Sempre escrevi cartas quando era mais nova, nao escrevo mais cartas mas sempre escrevo a mão as outras coisas, adoro! =)
Adorááável! *-*
Muito boa! Carta verdadeira é assim, orgânica, sentimental.
E essa ideia quase no finalzinho de "Eu sei, mas não devia"!? Muito boa.
Beijos, beijos!
(de uma apaixonada por cartas, mesmo virtuais) Ana
Postar um comentário