28 de maio de 2011

desgraçadinho, pensava justino, enquanto o carimbo descia com força contra a certidão.
taki, minha sinhora,
tá registrado?
sim, sinhora, a partir de agora temos um novo cidadão (filho da putinha) na cidade.
o pequeno dormitava no colo gordo da mãe e justino dava um xauzinho,
lá se ia mais um nascido no século XXI
Ah, meus 21! Meus 12, ah, minha quimera!
Que merda, ando tão velho.
E esses filhos da putinhas que insistem em nascer em 2011. Não para.
Porra, não para.
Pra onde olho,
Para onde olhava, Justino via documentos
vias que diziam: marinaldo dos santos, felipe gabriel de souza, amanda de castro,
nascidos na maternidade de tal,
no hospital da cidade xis. Eu envelhecendo e esses putos nascendo.
Porra, não pará, carimbava justino.
Mas a vida de justino não era assim tão deprimente.
A vida, como todos sabem, é uma boquinha cheia de presas
sempre nos superprendendo. Se de um lado atormentavam-no as rechonchudas crianças, rebentos de rechonchudos pares de peitos,
justino encontrava satisfação nos olhares tristes ou indiferentes de outros:
então foi câncer de fígado a causa, meu sinhor? ,
(como uma barata tonta, a certidão de óbito)
que coisa né, sorrisinho sob o bigode,
carimbava justino

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