18 de fevereiro de 2012

Um poema de Jeffrey McDaniel

The quiet world, na tradução de Mauro Faccioni Filho
Catei da Revista Babel, nº 1.

Especialmente pra Samia Schiller, que tava afim de conhecer um poema novo.
Acho que já mostrei esse poema pra Roberta Bittencourt e ela não gostou.
Então se vc passar por aqui, Roberta, ignora, queridinha.
Acho que o Hobbyson R. dos Passos iria gostar desse tbém.

ó:

O MUNDO SILENCIOSO
num esforço para que as pessoas 
olhem mais nos olhos umas das outras, 
e também para satisfazer os mudos, 
o governo decidiu determinar 
para cada pessoa exatamente cento 
e sessenta e sete palavras por dia.
quando toca o telefone, ponho-o ao ouvido 
sem dizer alô. no restaurante 
aponto para a canja de galinha.
estou me ajustando bem ao novo jeito. 
tenho estampas para todas as ocasiões. 
cada manhã invento uma nova frase 
que imprimo numa camiseta, 
como Os Seres Humanos Estão Vindo 
ou Karaokê Para Mudos.
tarde da noite, ligo para meu amor distante, 
orgulhoso digo somente gastei cinqüenta e nove hoje.
guardei o resto para você.
quando ela não responde 
sei que usou todas as suas palavras 
então sussurro lentamente eu amo você 
trinta e duas vezes e um terço. 
depois disso, ficamos junto à linha 
ouvindo um o respirar do outro.

4 comentários:

Euzo disse...

é ótimo esse poema, você nunca nos mostrou!!!!

Anônimo disse...

sorry!

Fran Hellmann disse...

Adorei...

:**

Samia disse...

Ah! Sensacional...
Exatamente o que eu estava procurando...
Obrigadíssima.