os olhos das crianças
são baratinhas miúdas pelas paredes
eia, eia! corre-corre
(no quarto dos fundos a velha senhora sente a água subir pelas canelas)
eia, eia, chuvaréu
a corredeira calou a boca do lobo
uiva a mulher sem peito
e a criança sem leite
e a chuva vai, torta,
regendo a banda desafinada
eia, eia
passou a chuva
mas ainda se debatem, no céu, os últimos peixes
e as baratinhas miúdas recolheram-se
ao canto sujo
que é a memória infante
17 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Eduardo. Passo por aqui, pois passei no blog do 'Ítalo' e não pude deixar de ler suas vomitas palavras muito bem impregadas. Confesso, que, estou pasma, porque esmiuça 19 anos nas costas. Bem. Fico por imaginar-te aos meus '28', e, abrilhantarás em escrita. Seu comentário foi sobre modo arrebatador [pelo menos aos meus olhos]. E em término, digo que amei este teu espaço, e concerteza pousarei aqui outras vezes.
Bela semana e paz
Priscila Cáliga
que final ótimo.
tu és poeta pra dedéu!
abraço.
Postar um comentário