5 de dezembro de 2010

um poema de pablo neruda.

(esse é outro daqueles pra ler e suspirar pela vida toda)


ACONTECE


Bateram à minha porta em 6 de agosto,

aí não havia ninguém

e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira

e transcorreu comigo, ninguém.



Nunca me esquecerei daquela ausência

que entrava como Pedro por sua causa

e me satisfazia com o não ser,

com um vazio aberto a tudo.



Ninguém me interrogou sem dizer nada

e contestei sem ver e sem falar.



Que entrevista espaçosa e especial!


In: últimos poemas. editora LP&M. tradução de luiz miranda.

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