há um golpe em curso, nas ruas
e é preciso ir às mesmas ruas dizer não
mas que ruas se nunca mais as
juntos ocupamos, desunidos, senão?
haja copas dos mundos para
unir as pessoas, há muito distantes
separadas por uma pandemia, ou antes
separadas pelo vazio de um mundo virtual
sem toques, sem abraços e rompantes
pesada jornada de trabalho semanal
jornada de trabalho materno um eterno
abre e fecha levanta e cozinha e canta
canções de ninar operários
jornada de trabalho de 44 otários semanais
contado nos dedos do chefe o horário do lanche
tempo para a cultura para ocupar as ruas jamais
acompanhando o protesto o passeio a fanfarra
podíamos ser e fazer muito mais
mas a gente trabalha e trabalha e de noite se esbarra
nas igrejas nos estádios nas festas em casas noturnas
nas ruas não muito, fosse a gente o que pode ser:
mais, mais, muito mais
nossa luz interior parcelada em cinco vezes no cartão
a gente trabalha e trabalha e de noite se encurrala
em camarotes pistas premium sem os parques ver
no trânsito nos bares nos motéis nos cruzamos
nas ruas não muito, fosse a gente o que pode ser:
mais, mais, muito mais
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