em "Betsy", de rubem fonseca,
a voz narrativa oculta o binário
homem-animal em prol de um bios
comum: acordo e me refestelo
(preguiçosamente!) na cama
com medo das feridas que há
para se lamber ao longo do dia.
em "Clau", de liniker,
o jogo é breve - por um instante
todes comemos escondidos
alguma coisa de nossas mães;
passado o pito, volta o cão
na palavra 'você'; só não voltam
pra perto você, Betsy e outras nuvens
choradas nas caixas de luto e afeto.
que cruzamentos haveria
entre o queer e o animal?
se pergunta gabriel giorgi
parece que em mim também
se apetecem travessias singulares
em tardes de praia limiares
uns olhos que eram negros
um, dois, téo:
agora são mais castanhos
o pelo que era negro e escorrido
o meu cheiro preferido
um, dois, téo:
aqui se crispa entre as mãos
a palavra você, então, se afasta
guapeca, guaipeva,
sem rastro, sem choro,
sem olhar para trás.
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